Segui com atenção os comentários dos jornais franceses sobre a ida de Lula ao Iran. Quase todos chegaram a conclusão que o encontro provocou uma reação contrária ao seu objetivo: um endurecimento das posições da Comissão de Segurança da ONU.
Com uma análise diferente, me chamou a atenção um artigo do jornal Le Monde que resumo abaixo.
“Os livros de história vão guardar esta data, 17 de maio 2010. O dia em que os países emergentes mandaram um recado aos cinco países que controlam a questão nuclear no mundo: daqui para frente vocês terão que contar conosco, o Brasil e a Turquia.
China, Estados Unidos, França, Gran-Bretanha e Rússia terão que levar em conta que o peso das nações evolui em favor dos emergentes e que a ordem internacional não pode ser regulamentada pelos cinco membros do Conselho de Segurança da ONU.
As ambições políticas do Brasil e da Turquia são legítimas”.
Sem julgar o acordo específico o Le Monde deu uma outra leitura do fato.
Descontos e presentes aos leitores do Conexão Paris
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133 Comentários
Eduardo Aquino Martins
Scan, parabéns pela lucidez! Adorei o texto do link que você postou.
Peço a todos que participaram das discussões desse post que leiam o texto no link colocado pelo Scan, que reproduzo abaixo:
http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1524
Espero que sirva pra clarear nossas idéias.
Beijos a todos e a todas!!
Robson Sabóia
Obrigado, Scan.
Acho que você fecha a discussão, pra mim.
Telma Pereira
Helena…
Nesse Brasil que pouca gente conhece, acabei de ver no jornal que 25 pessoas foram assassinadas em Salvador nesse final de semana….Ah…teve tbm uma criança que na hora em que nascia, a maca quebrou e o bebê morreu de traumatismo craniano….em Porto Seguro, no hospital Luís Eduardo Magalhães!
Pois é…infelizmente é o meu Brasil!
Scan
Caro Robson, creio nada ter a acrescentar aos seus comentários. Seria chover no molhado…
Àqueles que conhecem o Irã pela mídia ocidental abjeta (leia-se capacho dos EUA) e repetem ad nauseum aquilo que lhes é sugerido, sem crítica e sobretudo sem responsabilidade, gostaria de sugerir uma leitura diferente. Uma leitura de quem morou lá, conheceu e viu de perto o Irã satanizado pelos EUA e acólitos: seu povo, seus costumes, sua cultura.
Se ainda assim continuarem com a opinião inabalada sobre aquele país, não lhes restará outro caminho além da renovação da assinatura da Veja e FDS.
http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1524
Aos que criticam a situação interna do Brasil, peço-lhes um pouquinho mais de paciência. Peço-lhes mais 8 anos, ao fim dos quais o famigerado “complexo de vira-latas” do Nelson Rodrigues terá sido, apesar do esforço da mídia nacional reacionária e subserviente, definitivamente erradicado.
Sobre o papel de Lula aqui e lá fora, não discorrerei uma linha: não é necessário. Tudo já foi suficientemente abordado em posts do Robson, Zeluis, Eduardo Aquino e Orlando.
Saudações.
Parto para a França em alguns dias tendo a certeza de que os EUA, isolados no CS da ONU, se curvarão à razão e à boa vontade, deixando em paz o povo Iraniano.
Sueli OVB
TEREZINA
Até agora não me manisfestei nesse post, tenho minha opinião, muito leiga, formada sobre o nosso amado Brasil, mas ela não há de mudar nada dentro da máquina já tão carcomida e falida das instituições públicas, muito menos terá qualquer ingerência no quadro político, cada vez mais triste, de nossa nação.
Sei de muitos casos como o seu, em que pessoas muito competentes se vêem completamente impotentes frente a desmandos e tanta ignobilidade.
No país do futebol, das atrizes/manequim/modelo, fica muito difícil fazer parte do funcionalismo público. Ser professor e médico nem se fala! A distorção de valores parece ser diretamente proporcional ao grau de importância e responsabilidade para com a população.
São muitos anos de investimentos e estudos, que não podem parar nunca. Dias e noites extenuantes de muito labor, para manter uma condição mínima de sobrevivência. Nos editais para concursos popúblicos, o salário dos médicos e professores são sempre os mais aviltados.
Um jovem médico paga caro para fazer parte do quadro de conveniados de um plano de saúde, (vocês sabiam disso?) e só assim poder sobreviver durante um bom período, e no serviço público ele é tão mal remunado e trabalha sem as mínimas condições.
Um professor iniciante se submete a toda sorte de manipulação. Haja diletantismo!
Beijos e o meu maior respeito e carinho para com os professores, mestres e médicos desse nosso Brasil.
Beth
Terezina
Mais uma médica dando sua lúcida opinião sobre a nossa Saúde…
Um grande abraço.
Terezina
Dodô:
Agradeço por ter aceito meu convite e também pela lucidez de suas palavras.
Todos :
Apreciei e aprendi muito lendo os posts deste assunto tão polêmico.
Lina :
Mais uma vez v. mostra quanto instigante pode ser um assunto, levando todos a se manifestarem. Muito bem !
Tereza Casali:
Também milito na área da saúde e sei quão penoso é depender de recursos sobre os quais não temos a menor ingerência. Desde minha residência médica no HC ( USP ) de 77 a 81 que vejo que a situação dos Hospitais Públicos é alarmante. Durante o período citado, tivemos até greve de anestesistas, além do habitual ( falta isto, falta aquilo etc… ).
Há 15 anos, pedi demissão de uma chefia de serviço em um Hospital Escola por não conseguir mais aguentar esta situação ( não sem muito brigar e tentar mudanças – exatos outro 15 anos ! ). Pedi demissão da chefia e saí do serviço público !
Juçara
Tatyana Mabel,
Parabéns pela lucidez de sua argumentação. Não podemos ser simplistas, pois como você tão bem colocou “somos maiores do que isso” !
Amélia
Gente sou Lina e não abro!
Viva a democracia e a liberdade de opiniões, com muito respeito é claro!Hoje estou mais brasileira ao ver tantos “Brasis” aqui se manifestando.
Bjs a todos!
Tatyana Mabel
Caras,
Eu não me choquei com nada disso que vocês relatam. Não se preocupem em me apresentar esse país chamado Brasil. Conheço seus viéses. Eu também vivo no Brasil e conheço, da minha cidade, situações semelhantes aquelas que vocês citam da sua. Aliás, a literatura brasileira conseguiu trazer à tona essa “malandragem”, que compõe uma espécie de “alma” brasileira. Isso está em Machado de Assis, Macunaíma, em Memórias de um Sargento de Milícias e tantos outros. Célebres personagens ilustram essa síntese de nossas matizes. Mas, da forma como a que aqui se apresenta, não nos leva, a meu ver, a enriquecer o debate. Fui criada em um país com ressaca da ditadura e com fortes heranças colonialistas (que embora passados séculos, ainda explicam sim muita coisa!) em que, ao mesmo tempo em que se repetiam itens como esse que a lista de Telma cita que nos faziam acreditar que eles estariam em nosso DNA, as gerações seguiam já sem querer caber nessa pele. Alguém aqui se sente confortável nela? Por isso, ao afirmar que a lista é de mal gosto, para mim, o é porque não se aplica para definir um povo. E, nesse sentido, é simplista, generalizante e alienada da complexa realidade que fez e faz nossa história. E, esclareço: não se aplica aqui uma falta de democracia em função do julgamento (da lista) e das discordâncias que temos em torno de um mesmo objeto. Muito pelo contrário! A democracia emerge da diversidade e convivo muito bem com a diversidade, tanto que jamais insinuaria que quaisquer interlocuteres desse debate caberiam em alguma das ações listadas por Telma, apenas porque discordo dela (da lista). Por isso, repito: ela (a lista) é pequena para nós!
Uma realidade nova só pode emergir se acreditarmos nela! É inegável o quanto ainda estamos presos a pequenos gestos. E, na mesma proporção, como ganhamos autoestima e acreditamos no nosso potencial. Esses pontos, aliás, têm sido objeto de pesquisas de investidores internacionais no Brasil. O acordo do Brasil com o Irã traz um alerta, como diz o Le Mond, aos países ricos: às vezes, um pequeno pode ser grande. É o que estamos, como povo, decobrindo. É óbvio que há jogos políticos, interesses mútuos, descontentamento de quem não conseguiu fazer o acordo e só resta-lhe questionar seu valor. Mas não podemos, com isso e por isso, arruinar toda a história de subserviência e de luta de uma nação de modo tão simplista. Como um país composto de pessoas tão miúdas como descreve a lista poderia aumentar seu PIB, melhorar seu índice de distribuição de renda, ampliar vagas nas IES, favorecer o acesso às minorias étnico-sociais-financeiras, gerar empregos, e colaborar com fundos para países ricos e bem nascidos?!… Por tudo isso, continuo achando que a lista é pequena para nós! Não merecemos ela! Somos maiores do que isso! E, mesmo com todas as contradições, desigualgades, corrupção existentes em nosso país, parece-me que a lista aponta, apenas, para um dos lados.