O jornalista francês Frédéric Martel publicou na revista Slate.fr um excelente artigo sobre os perigos e ciladas que enfrentam os turistas quando pegam o trem RER que liga o aeroporto CDG e Paris. Traduzo e resumo o texto para vocês. No final do artigo vocês encontram o link para o original.
—————————————————————————————————————–
Várias cidades turísticas possuem uma ligação aeroporto/centro digna deste nome: trens ou ônibus rápidos para o conforto dos viajantes e dos turistas. Em Roma, o Leonardo Express, em Hong Kong, o Airport Express com a possibilidade de resgistrar as malas na cidade, em Tokyo o Narita Express, em Shanghai, o trem rápido a 400 km por hora e 7 minutos de traslado.
Menos em Paris. Aqui temos o trem RER CDG Dificuldade Express.
Durante o ano 2014, eu fiz o trajeto Paris aeroporto CDG pelo menos 30 vezes. Na maioria das vezes (60%), eu tive um problema.
. De Paris para o aeroporto
Tudo começa mal já na estação Châtelet les Halles onde é difícil encontrar a plataforma de embarque para o CDG. Cruzei vários turistas perdidos ou inquietos. Alguns pensam que a estação é a Charles de Gaulle Etoile na linha A do RER (ou linha 1 do metro). Como podemos ter duas estações RER com o mesmo nome? Sobretudo quando uma delas é utilizada por milhões de turistas todos os anos.
Quando enfim, encontramos a plataforma de embarque, é impossível saber os horários dos trens diretos para o aeroporto. Mesmo eu, parisiense, nunca encontrei o aviso com os horários. Podemos consultar, claro, a página web do RER B ou o App, mas entender o quadro dos horários continua sendo extremamente difícil.
De todas as maneiras, mesmo se encontramos os horários dos trens diretos para o aeroporto, uma vez dentro do vagão, o auto falante anuncia que este trem vai parar em todas as estações. Isto me aconteceu várias vezes, este ano.
Quando pegamos um trem RER que não é direto, os problemas aumentam.
Primeiro, a linha do RER possui uma bifurcação. Se o turista não entendeu isto ao subir no trem em Paris, ele corre o risco de chegar a Mitry Claye em vez do aeroporto CDG. Eu salvei pelo menos dois turistas por semana, este ano.
Segundo, os RERs não diretos ficam sempre cheios e os turistas não possuem espaço para bagagens. Eles não podem viajar assentados porque as bagagens ficariam na entrada, longe deles. A solução é fazer todo o trajeto em pé, ao lado das malas.
Eu assisti sem poder ajudar, durante um ano, o espetáculo surrealista onde centenas de turistas e suas malas são empurrados, para lá e para cá, porque as bagagens voluminosas incomodam os usuários.
Sem esquecer os pickpockets que agem em bandos na linha B do RER e que, claro, aproveitam dos turistas em situação de fragilidade.
Chegando na estação CDG, o turista descobre surpreso que existem dois aeroportos e duas estações do RER. Qual escolher? Se o turista pegou o trem RER não direto, nenhuma explicação bem visível para ajudá-lo. Existe um pequeno aviso, mínimo, confidencial e os turistas não o descobrem.
O calvário não terminou. Todas as vezes vejo três ou quatro turistas sem saber o que fazer diante das catracas do RER. O ticket não é válido e eles não podem passar. Inúmeros turistas compram, por falta de conhecimento, o ticket do metro ou do CDGBus e eles não são válidos no RER.
Na chegada do RER no aeroporto, diante das catracas fechadas, os turistas não encontram nenhum agente, nem mesmo um guichê. Eu vi muitos deles saltando a catraca, com todas as dificuldades que isto implica quando temos malas e crianças.
. Do aeroporto para Paris
Do aeroporto para Paris, a situação pode ser mais crítica ainda. Sejam bem vindos!
Para começar, o turista tem que entender a diferença entre os trens da SNCF, os Airport Shuttler e os Paris by train. Eu vi turistas pegarem trem TGV para Paris no lugar de RER, Paris by train. Outros pegaram os ônibus internos do aeroporto, Airport Shuttler, pensando que estavam no RER. E claro, nunca vi um agente para ajudá-los.
Por qual razão a SNCF e a RATP, as empresas francesas associadas nesta área, não colocam agentes para dirigir os milhões de turistas que todos os anos querem pegar o RER B para Paris?
Após este pequeno problema, chegou o momento de comprar o ticket. O turista tem que escolher entre o guiche RER e o guichê SNCF. As filas são imensas. Se o turista pega a fila errada, ele é obrigado a pegar a fila ao lado.
Na plataforma de embarque, os problemas continuam. A signalética é incompreensível. A iluminação da plataforma é incerta. Cito agora, um exemplo do que pode acontecer. Dia 7 de dezembro, em torno das 6.30h da manhã, um trem RER direto para Paris foi anunciado. Que sorte! Todos nós entramos no trem. Alguns minutos depois, o alto falante pediu, em francês, que todos saíssem do trem sem a menor explicação. Tipo: atenção, desçam do trem imediatamente.
Os turistas se entreolhavam sem nada entender. No final, saimos todos do trem para pegarmos um outro, desta vez não direto para Paris, em outra plataforma. Correria, precipitação, para poder pegar este segundo trem.
Cenas como esta, vivi várias vezes.
Em 2014, eu tive sorte. Poucas foram as noites, onde, sem aviso prévio, eu encontrei o acesso ao trem RER fechado. Totalmente fechado. Ou por motivo greve, ou reformas da linha, ou sei lá o quê. Nos anos passados, sobretudo nas sextas ou sábados à noite, eu seguia a setas Paris by train e encontrava todas as portas de acesso fechadas.
Claro que neste caso existe um ônibus. Mas é preciso achá-lo, procurá-lo sem ajuda dos funcionários da empresa. Normalmente ele está em outro terminal e eles nos deixa no final do RER da linha de Mitry. Como um turista pode entender esta situação?
Isto sem falar nas inúmeras greves, legendárias greves. Os infelizes turistas perdem seus aviões, são obrigados a comprarem outras passagens, esperam horas nos aeroportos.
As pessoas responsáveis pela administração dos Aeroportos de Paris reconhecem em off que a situação é preocupante ou mesmo indígna. Todos reconhecem, que para os turistas, o meio de transporte Paris by train é um desastre.
Claro, os estrangeiros que aqui chegam podem optar pelo táxi. Mas aí, o preço é bem mais caro.
O primeiro ministro acabou de anunciar o nome da pessoa que vai coordenar o projeto de ligação ferroviária express entre os aeroportos e Paris. Mas este CDG Express é previsto para 2023. Longe demais!
Frédéric Martel – twitter: @martelf
http://www.slate.fr/story/95735/cdg-aeroport
Descontos e presentes aos leitores do Conexão Paris
- GALERIES LAFAYETTE: Presentes nas compras acima de 50 euros feitas nas Galeries Lafayette Haussmann, clique aqui para saber mais informações e baixar os voucheres.
- PERFUMARIA FRAGRANCE DE L’OPÉRA: 10€ de desconto a cada 150€ de compras na Perfumaria Fragrance de l’Opéra – clique aqui para saber todas as informações e baixar o voucher.
- FARMÁCIA CARRÉ OPÉRA: 10% de desconto nas compras feitas na Farmácia Carré Opéra – clique aqui para saber todas as informações e baixar o voucher.
- HOTEL SAINT ANDRES DES ARTS (charmoso 4 estrelas em Saint Germain): 10% de desconto + 1 garrafa de vinho + café da manhã – use o código CONEXAOEXCLUSIVE ao fazer sua reserva no site o hotel, clique aqui e acesse.
- SEGURO VIAGEM: 5% de desconto na contratação do seu Seguro Viagem usando o código CONEXAO5. O seguro viagem é um dos documentos que podem ser exigidos na sua entrada na Europa, clique aqui para saber mais.
Resolva sua viagem:
Compre seus ingressos para museus, monumentos e atrações em Paris, na França e na Europa no site Tiqets. Use o código CONEXAOPARIS e ganhe 5% de desconto.
No site Booking você reserva hotéis e hostels com segurança e tranquilidade e tem a possibilidade de cancelamento sem cobrança de taxas.
Guia brasileiro para visitas guiadas aos museus e passeios em Paris, clique aqui para saber mais informações ou envie um e-mail para [email protected]
No site Seguros Promo você compara os preços e contrata online o seu seguro viagem. Use o código CONEXAO5 e ganhe 5% de desconto.
Compre no Brasil o chip para celular e já chegue à Europa com a internet funcionando. Saiba mais informações no site da Viaje Conectado.
Pesquise preços de passagens e horários de trens e ônibus e compre a sua passagem com antecedência para garantir os melhores preços.
Obtenha o orçamento das principais locadoras de carro na França e faça sua reserva para garantir seu carro no Rent Cars.
Encontre passagens aéreas baratas no site Skyscanner.
187 Comentários
JUSSARA
Excluída a opção do táxi, a melhor opção, na minha opinião, dependendo de onde é o hotel, são os ônibus da Air France. Do CDG para Paris, utilizamos a linha 2, saindo da porta nº 32, no nível de chegada, com paradas na Place de l’Etoile (ao lado do Arco do Triunfo) e Porta Maillot. Para fazer o trajeto contrário, utilizamos a mesma linha. Há outras linhas, inclusive de e para o aeroporto de Orly. Consultar no site da Air France http://www.airfrance.com.br/BR/pt/local/resainfovol/…/transfert_aeroport.htm. Mais barato que o táxi (mais caro que o metrô), a passagem pode ser comprada no ônibus, com o motorista. Viaja-se sentado e as malas vão no bagageiro, sem incomodar ninguém.
Mariana
Acho que o jornalista complicou msis do na cerdade é. Fui pela primeira vez em Psris em junho de 2014 e cheguei no meio da greve dos trens e mesmo assim achei bem fácil utilizar o rer do aeroporto para Paris e vice e versa. Achei tudo bem sinalizado e haviam pessoas para informar e lógico que pesquisei o trajeto antes da viagem. Mas concordo com o jornalista quando diz que não há espaço nos trens e tb no metrô para as bagagens. E os parisienses não tem a menor paciência para a sua mala atrapalhando o caminho. Tive que aturar muita cara feia e reclamações em francês.
Zirlei
Nunca consegui entender, então prefiro o taxi. Se fosse mais fácil, iria de trem, mas desta forma, é impossível.
Também, não sinto nenhuma pré-disposição dos atendentes em dar explicação. Uma lástima para uma cidade que recebe tantos turistas. Talvez, eles nem gostem de recebê-los e não precisam do turismo para sua economia.
Rubia
Excelente post, eu mesma já fiquei presa na catraca do RER – CDG, pois o ticket não validou e eramos um grupo de sete pessoas, por sorte tivemos a ajuda de uma passageiro que usou seu navigo e segurou a catraca.
janayna silva
Olá, chego em Paris em Março. Gostaria de saber qual o melhor meio de ir do aeroporto Charles para o endereço 13 Rue De Reuilly
12. Bercy – Gare de Lyon.
Rodrigo Lavalle
Janayna, no CDG pegue o trem RER B até a estação Châtelet – Les Halles. Lá pegue o metrô linha 1 (sentido Château de Vincennes) e desça na estação Reuilly – Diderot.
Abraços.
Fabio
A melhor forma de chegar no CDG/Orly vindo de Paris ou vice-versa depende de alguns fatores, entre eles: Como está o seu orçamento da viagem ? Qual a sua predisposição para carregar malas por muitas escadas nas estações de metrô?
Para os que estão com o orçamento de viagem mais folgado, nada melhor que pegar um taxi ou mesmo um serviço de vans (você nem precisa falar Francês ou Inglês, basta imprimir o endereço do hotel e mostrar ao motorista de taxi).
Para os que estão com o orçamento um pouco mais apertados e tenham predisposição para carregar as malas por várias escadas, existe as boas as opções Roissybus e Orlybus. (RoissyBus tem embarque/desembarque na Ópera e OrlyBus na Estação Denfert Rocherau) Esses dois serviços são muito bons, mas dependendo do horário pode ter trânsito na chegada à Paris.
Rafael
Peguei esse trem quase todo dia durante mais de três anos. Alguns pontos da reportagem são válidos (greves, atrasos, mudanças bruscas de horário, lotação…) mas em geral achei muito exageradas as críticas. Quem confunde Charles de Gaulle-Étoille com Châtelet-Les Halles não deveria sair de casa em primeiro lugar!!! E depois, esquecemos de um detalhe: EXISTE um trem do aeroporto para a cidade, coisa que no Brasil não tem nem nunca vai ter… Alguém esqueceu do horror que é chegar a algum aeroporto grande no Brasil usando o transporte público?
Maurício Christovão
Fazer força é pra guindaste… Onze horas de vôo, fuso horário, e ainda vou encarar escadarias com malas? Merci!!! Uma passagem Rio/Paris/Rio sai por uns 800 euros. Um táxi, descontando o preço as passagens do RER, fica em 40 euros. Se forem duas pessoas, mais barato ainda. Ou seja, por 5% do valor da passagem saio do CDG e chego na porta do meu hotel, e o motorista ainda dá uma mãozinha. Taxi em aeroporto é caro mesmo. Do Galeão para Nictheroy-sur-mer de táxi dá uns 50 euros, mas não há muita opção por aqui, como trem, metrô, etc.
Adriano
Concordo com alguns detalhes, como a sinalização ausente na confusão do Les Halles, a não identificação de direto para o CDG ou não e a bifurcação. ok! Mas de resto, tá muito dramática essa matéria. Fiz esse trajeto algumas vezes, a ultima foi há 3 semanas. Nada demais. Peguei o que ia para o outro, saltei e esperei o para o CDG. Tempo? Planejar e fazer com antecedência. O mundo não é um parque turístico, o viajante tem que se informar e ter algum jogo de cintura.
Má
Excelente artigo e muito esclarecedor para quem nunca visitou a cidade e ou para quem já passou por essas dificuldades no trem. Sempre que vou a Paris eu contrato uma Vã particular ou pego táxi. Apesar de Vã ser mais caro, se for um serviço prestado por brasileiros vale muito à pena, chegar na cidade e logo ser recebida em português. Das vezes que peguei táxi no CDG tbm foi tranquilo, algumas vezes os motoristas dão mais voltas que o necessário até chegar no Hotel, mas isso ocorre quase sempre em vários países pelo mundo, e no Brasil. Da última vez que estive em Paris, paguei de Montparnasse ao CDG 69 euros. E de Montparnasse a Orly 55 euros. Acho que vale à pena pegar táxi pela comodidade de não ter que ficar arrastando malas pelas estações complicadas do RER.