Por Marina Giuberti, sommelière responsável pelos cursos de vinhos do Minha Viagem Paris
A cidadezinha de Chablis fica a apenas 180km de distância de Paris. Devido à esta proximidade, ela é um fornecedor de longa data de vinhos ao mercado parisiense, o que beneficiou seu renome mundial.
Apesar de possuir apenas 2.600 habitantes, a cidade muda de dimensão quando o assunto é vinho. Lá são produzidas 38 milhões de garrafas por ano (dados CIVB 2008) e 100% da produção é de vinhos brancos. São cerca de 5.000 hectares de vinhas à base da famosa e camaleônica uva chardonnay, que aqui encontra seu habitat ideal, traduzido em mineralidade no gosto do vinho branco. Esse vinho é tão renomado que a cidade acaba fazendo sombra à região a qual pertence, a nobre Borgonha, cuja capital, Dijon, fica a 110 km ao sul de Chablis (leia aqui nossos artigos sobre a Borgonha).
Banca de queijos de cabra. Ao contrário do que todos pensam, queijos harmonizam melhor com vinhos brancos do que tintos. Sorte dos chablisienses.
Passar um ou 2 dias por ali é um programa ímpar para os amantes da enogastronomia em geral. O lugar é calmo, bucólico e com vinhas para todos os lados. Esta é a típica França do interior, que tem pouco a ver com a speed e cosmopolita capital Paris. No domingo de manhã acontece a feirinha da cidade e, por isso, muitos comércios, vinícolas e enotecas estão abertos para o público.
Existem 4 A.O.C. (Apelation d’Origine Controlé) Chablis :
- Petit Chablis – mineral, seco e frutado, ou seja, simples e eficaz com ótimo custo/benefício.
- Chablis – grande mineralidade com mais persistência aromática que o Petit Chablis.
- Chablis 1er Cru – existem 40 climats diferentes. Os mais renomados são: Mont de Millieu, Montée de Tonerre, Fourchaume, que encontram-se à margem direita do rio Serein. Nesta margem o solo é “kimmeridjean”, um calcário esfarelado. Ele foi mar há milhões de anos e até hoje podemos encontrar ostras e conchas fossilizadas. Esse solo “nutre” as videiras gerando o sabor singular de seus vinhos. Dependendo do Cru, e também do produtor, eles serão a mais pura expressão da elegância e prazer que um vinho branco podem proporcionar, com nobre mineralidade e com bom potencial de envelhecimento.
- Chablis Grand Cru – todos os 7 climats Grand Cru: Blanchot, Bougros, Les Clos, Grenouilles Preuses, Valmur, Vaudesir localizam-se do lado direito do rio de nome predestinado “Le Serein”, que significa “sereno, calmo”. Ali, à margem direita do rio, fica o melhor “terroir” da região. Logo os Chablis 1er Cru desta margem são superiores aos 1er Cru da margem esquerda, que apresentam um ótimo custo/beneficio. Eles estão entre os melhores vinhos brancos do mundo, voluminosos, prazerosos, notas de pedra quente, a famosa mineralidade do Chablis, mas pedem alguns anos de guarda antes de expressarem todo seu potencial.
Os produtores mais renomados são sem dúvida Vincent Dauvissat e Bernard Raveneau. Para os amantes de vinhos naturais (sem ou com um mínimo de sulfito adicionado) os magos Thomas Pico – Domaine Taille au Loup e Domaine Alice et Olivier de Moor fazem maravilhas.
Outros bons produtores, onde uma visita à vinícola pode ser agendada mais facilmente são: Wiliam Fèvre, Benoit Drouin, Bernard Defaix, Billaud Simon, Stephane Moreau, Daniel Dampt entre outros. A cave cooperativa local, La Chablisienne, aberta à visitação todos os dias, é uma das melhores da França. Para agendar visitas às vinícolas mande um email com antecedência solicitando a mesma. Se for na última hora, entre em contato com o “Office du Tourisme” de Chablis ou caminhe pela cidade, alguns estão literalmente de portas abertas ao público.
Uma dica de estadia é o Hotel du Vieux Moulin, um hotel boutique que funciona num antigo moinho. Em 2007 ele foi inteiramente renovado e pertence ao “Domaine de la Roche”. São poucos quartos com classe no coração da cidade. O Rio Yonne passa embaixo do hotel, enchendo a estadia de charme. O melhor restaurante da região “Au fil du Zinc”, fica no térreo do hotel.
Se você tiver a oportunidade de ir até la , tenho certeza que vai sentir tudo isso “in loco”. Caso contrário, abra um Chablis onde quer que você esteja e feche os olhos. Um dos poderes do vinho é transportar as pessoas com seus aromas. Santé!!!
A beleza dourada e levemente turva do Chablis 1er Cru Le Vaillons do Domaine Pattes-loup (vinho natural)
Leia aqui sobre os excelentes cursos de vinho da Marina.
Como ir de Paris até Chablis
- Trem: Chablis não tem estação de trem, é preciso ir até Auxerre e de lá pegar carro ou ônibus regional. A viagem até Auxerre tem cerca de 2 horas de duração. Preços a partir de 29 euros. Compre sua passagem antecipadamente – clique aqui – para garantir os melhores preços.
- Carro: A viagem tem cerca de 2h10. Obtenha o orçamento das principais locadoras de carro na França aqui.
Acesse o site Minha Viagem a Paris para descobrir e reservar passeios incríveis em Paris e no interior da França.
Descontos e presentes aos leitores do Conexão Paris
|
13 Comentários
Maggy Pittas
Pois teremos somente 1 dia!
Maggy Pittas
Também gostaria de saber qual é o melhor meio de transporte de Paris para Chablis. Alguém pode me ajudar?
Rodrigo Lavalle
Maggy, como a Marina autora do artigo respondeu nos comentários abaixo, o ideal é ir de carro pois são vários vinhedos espalhados ao redor da cidade.
Abraços.
edi
Merci. Parabéns pelo artigo, Marina.
Marina
Edicleia, eu gosto de ir de carro , pois Da pra visitar os outros profutores , nas localidades próximas . Afinal são 19 cidades com direito á produzir CHABLIS. E tem a cidade de Irancy, que tb merece uma ida . Santé
Vera Jordão
Chablis é um vinho delicioso! E poder ir até lá deve ser como entrar num livro de estórias !
Edicléa
Qual melhor meio de transporte de Paris Chablis?
marinagiuberti
Obrigada queridos Marcia Lube, Eymard e Mauricio Cristovao.estive 2 vezes no mesmo mes à Chablis, pra conférir tudo de perto . Nao deixem de conférir o restaurante Au fil du Zinc, e podendo tentem ficar no Hôtel Du Vieux Moulin. Santé , abs
Maurício Christovão
Mais uma deliciosa aula da Marina!!! E assim vamos aumentando nossa “enocultura”. Esse post sobre Chablis está tentador…
Eymard
Delicia de post. Passamos por Chablis e foi maravilhoso. Mesmo um produtor grande, como Willian Fevre mantém excelente qualidade (realmente não dá para abrir um chablis sem fechar os olhos!!) Fiquei curioso para experimentar os sem ou com pouco sulfito. Dicas maravilhosas.
Marcia Lube
Já fechei os olhos !
Mas ainda quero ir lá .
Gostei da dica dos vinhos sem sulfito. É bom ter umas garrafas assim porque de vez em quando, pinta uma dor de cabeça.
E da indicação do hotel e restaurante.
Bom texto, como sempre.