Que Paris é uma das cidades mais clássicas e românticas do mundo, ninguém tem dúvida. Mas é também verdade – e poucos sabem – que a cena underground da cidade é coisa de gente grande.
Um dos fatores que impulsiona essa cultura são os subterrâneos de Paris, com aproximadamente 300km de túneis interligados, remanescências das antigas minas de onde era extraído o calcário para a construção da cidade (séc. 11 a 18).
Parte dessas galerias podem ser visitadas pelos turistas. Organizada pela Prefeitura, a visita guiada permite aos visitantes explorar 2 km dos subterrâneos parisienses. São as famosas catacumbas – um enorme ossuário humano que ocupa parte dos túneis das antigas minas.
A outra parte, fechada ao público, é frequentada ilegalmente por jovens que encontraram nos subterrâneos a adrenalina necessária para fazer desse local escuro palco de festas e de produção artística.
Fernanda Hinke foi lá e nos conta, a seguir, como foi sua grande aventura.
Por Fernanda Hinke, parceira do Conexão Paris, e criadora dos passeios de bike em Paris e dos tours de street art.
Existe um movimento underground em Paris que reúne exploradores urbanos que descem ilegalmente nas antigas minas de pedra com o objetivo de realizar festas incomuns, produzir arte, se isolar, explorar minério e mapear o local. São conhecidos como os Cataphiles. Eles descem por um dia, uma noite e às vezes ficam lá por até uma semana.
No local não há luzes, eletricidade ou até mesmo som. O sistema de túneis é complexo e apesar de alguns túneis terem placas indicando o nome da rua acima, é fácil se perder no local.
No ano passado tive a oportunidade de fazer esta visita ilegal, guiada por Psyckoze, artista de rua parisiense e um dos maiores exploradores deste mundo paralelo.
Psy, como é conhecido, “desce” há mais de 25 anos para fazer grafite, murais, mosaico e esculturas e já guiou os maiores grafiteiros do planeta pelas passagens escuras. Acompanha por ele e pelo grafiteiro brasileiro Zezão (conhecido como o rei do underground na cidade de São Paulo) eu vivi a maior aventura da minha vida.
Recebi recomendações para ir com roupa velha, uma luz forte na cabeça e trazer velas. O nosso ponto de encontro, próximo a Cité Universitaire, ficou marcado para um sábado às 23h. Psy chegou com roupas sujas, botas de borracha e uma sacola cheia de petiscos e bebidas. Caminhamos um pouco, paramos e de repente ele abriu um bueiro na calçada e nos disse: Entrem!
Entramos todos (éramos 8 pessoas). Quando todos estavam a apenas algumas palmas abaixo do solo a grade do bueiro foi fechada. Caminho sem volta. Fomos informados sobre o próximo passo: descer uma escada de 45 metros (o equivalente a um prédio parisiense de 6 andares) em um ângulo de 90 graus, sem nenhuma proteção.
A sensação de estar entre a vida e a morte foi muito forte, pois os degraus eram distantes um dos outros, caía água e a escada estava toda molhada. Ao chegar lá em baixo, meu corpo todo se estremeceu e comecei a chorar. Uma mescla de pavor e, ao mesmo tempo, uma forte sensação de superação me colocaram no limite para enfrentar a situação.
Algumas passagens são muito baixas ou estreitas, outras estão parcialmente inundadas. Tivemos que nos arrastar de barriga, por quase 200m, em um túnel com menos de um metro de altura. Depois andar com os pês entre duas paredes por locais que haviam sido inundados.
A recompensa veio em seguida, quando Psy começou a nos apresentar os mistérios e encantos deste universo. Além de nos contar a história do local, os mitos, os códigos secretos, o ritual de ascender velas, ele percorreu conosco as galerias para nos mostrar a arte deixada por artistas do mundo inteiro no local.
Vimos tags e grafites dos mais importantes artistas do mundo, visitamos muitas pedras esculpidas por Cataphiles assíduos, incluindo uma “sala” que Psy vem esculpindo há mais de 15 anos.
Em seguida, restauramos a pintura de uma parede, conhecida pelos frequentadores como A Praia, fizemos festa com as velas acesas.
Acompanhamos o artista brasileiro Zezão, que grafitou uma imensa parede oferecida por Psy – é ele quem controla quem vai grafitar nos subterrâneos.
Finalmente saímos de lá as 8 horas da manhã, exaustos. Era um domingo chuvoso e inesquecível.
Estima-se que mais de 300 pessoas entram nas catacumbas ilegais a cada semana. Entradas secretas existem em toda Paris por meio de esgotos, do metrô e bueiros. Quando os visitantes ilegais são pegos pela ERIC (a polícia especial que patrulha a área), os invasores são penalizados com uma pequena multa de 60 euros.
Importante: 0 Conexão Paris não recomenda este passeio para os turistas. Este relato tem a intenção apenas de informar nossos leitores sobre a existência desse movimento.
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36 Comentários
andrea
Achei isso tudo um absurdo! Isso é degradar monumentos históricos. Não considero degradação bonito. Nem desrespeito. Acredito que não faltem muros de concreto para servir de suporte para as interferências artísticas… tem que ser num complexo histórico? Lamentável, de uma profunda ignorância.
Otton Tiburtino
… ” Além da letra do Hino Nacional e toda sua história … vem essas belezas e, por necessidades. São coisas que um País tem que ter: História/ovo e Governo. Muito legal tudo isso !!!
Anelise
Ola, gostaria de dizer para a Tania, a pitaqueira mais ativa de dezembro e amante da arte dos grafites, que hoje mesmo publicamos no nosso blog sobre roma, turismoemroma.com, um post e fotos sobre street art na cidade eterna.
Tais
Que artigo fantástico! Paris é sempre uma bela surpresa. Fiquei louca para conhecer o lugar. Parabéns aos corajosos de plantão.
Joana Horta
Adorei o post, mas esse passeio não é para mim. Já considero tê-lo feito pela leitura e fotos. Matou minha curiosidade!
Joana Horta
Achei muito interessante o passeio. Mas não é para mim. Já considero tê-lo feito pelo relato e fotos. Já matei minha curiosidade.
Marli rosetti
Para mim não dá rsrrsrs …assustada !!!!
Jacqueline
Isso não é passeio. É pesadelo. Ossários, esgotos, subterrâneos, não são para mim. Embora enfrente, fico em pânico quando lembro que estou fechada dentro de um avião sem possibilidade de ir “lá fora”. Imagino essa descida para um buraco com uma escada reta e escorregadia. Credo! E os pés entalados no buraco estreito… Jamais. Paris é para ser vista por cima e de cima.
Coragem e sangue frio é para quem tem.
Marcia Lube
Interessante e diferente.
Também não encararia !
Madá
Eletrizante!!! Concordo com Marcello Brito! Senti como se estivesse vendo um filme, mais especificamente o Subway de Luc Besson de 1985. Parabéns!!!