Foi a leitora Lucia Carneiro que me enviou o artigo da Fox News. Pensei que não estava entendo direito, duvidei do conteúdo, apelei para o google traduction e vi que tinha entendido tudo. Uma entrevista de Nolan Peterson, supostamente um expert em segurança, afirma que Paris e cheia de áreas “no go zones” onde você se sente em Bagdad. Áreas a serem evitadas.
Estas áreas são: Porte Saint Denis, Porte Saint Martin, Belleville, Ménilmontant e a Goutte d’Or.
O artigo provocou várias reações na França e na América do Norte.
A resposta do blog Paris by Mouth é uma lista dos melhores restaurantes e padarias nas, já agora famosas, “no go zones”. Nelas se encontram um restaurante classificado entre os 50 melhores do mundo, uma padaria que ganhou o concurso da melhor baguette de Paris… a lista é longa.
Nós mesmos já citamos vários endereços nestas regiões. Com certeza, daqui para frente, ficarão mais interessantes ainda, agrementados de um novo selo “no go zones”. Citamos a excelente padaria Du Pain et des Idées, o Bar Verre Volé, o Bob’s Juice Bar, o Sol Semilla, o restaurante Le Dauphin, o Chateaubriand, o Chatomat. Sem esquecer o maravilhoso Regalate Conservatoire.
A área citada Porte Saint Denis/Porte Saint Martin corresponde ao 10ème distrito de Paris, hoje, o mais vivo, o mais interessante da cidade. Os principais guias americanos – e o Conexão Paris – citam o 75010 como um concentrado de novos bares, restaurantes e pâtisseries. Está área é a mais cosmopolita de Paris e milhares de parisienses, jovens e menos jovens, moram ou se divertem por aí. Eu passo com frequência, a pé, diante da bela Porte Saint Denis, um arco construído em 1672.
As áreas Belleville e Ménilmontant são conhecidas pelos seus deliciosos restaurantes asiáticos e aqui estamos na segunda Chinatown de Paris. É por aqui que a Fernanda Hinke passeia com os leitores do blog no seu já famoso circuito da Street Art. Nestas regiões encontramos também muitos judeus, muitos pieds noirs, franceses que moraram no norte da África e que voltaram no final da época colonial. Tenho vários jovens amigos que aqui moram: o bairro é simpático e por ser popular e mais afastado do centro, os preços são acessíveis.
E na última “no go zone” temos a Goutte d’Or, ocupada pela população de origem africana. Aqui encontramos as belas mulheres com suas roupas maravilhosas, lojas de tecidos incríveis, um dos mais bonitos cinemas da cidade, o Louxor, um comércio alimentício que me lembra o Brasil, com mandiocas, bananas para cozinhar, quiabos. Tenho muitos amigos que aí vivem por opção, porque gostam do cosmopolitismo cultural.
Ontem, antes de escrever o artigo, fiz minha caminhada diária nas “no go zones”. Troco sempre de circuito, sou curiosa.
O blog Topito optou também pelo humor na sua resposta ao artigo da Fox News e criou as suas ‘no go zones” de Paris: o periférico no domingo á noite, engarrafado demais; o boulevard Haussmann durante as liquidações, pela mesma razão; a avenida Champs Elysées porque só tem turista…
Não deixem de ler uma outra resposta ao Fox News, um artigo chamado This is Paris e assinado por Sened DHAB. Clique aqui.
E a nossa prefeita, Mme Hidalgo, anunciou que está pensando seriamente em um processo por difamação e falsas notícias.
Ah! A Fox News pediu publicamente desculpas pela inveracidade das informações.
Para finalizar, todas as cidades possuem bairros mais elitistas do que outros, áreas com maior concentração de nativos e zonas com número elevado de imigrantes, ruas onde não nos sentimos seguros, a pé, de madrugada. Paris não escapa à regra.
Mas não existe aqui nenhum bairro considerado “no go zone”. Tantos os parisienses como os turistas podem circular pelos vinte distritos da cidade sem problemas. Aliás, são nas áreas nobres, nas mais belas e mais conhecidas regiões parisienses que os turistas são roubados pelas garotas originárias do leste da Europa.
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44 Comentários
Ferreira
Toda cidade turística no mundo tem suas “go zones”, e, é claro, Paris não escapa a essa “regra”… Mas é bom saber não há a enorme violência do Rio de Janeiro, SP ou de outras grandes cidades do mundo, então, viva Paris!!!
Simone
Estive em Paris ano passado e fiquei chocada com o 10ème. Eu já havia me hospedado lá em 2008 e de 2008 a 2014 vi uma diferença absurda. Cheguei a andar rapidamente para resolver o que tinha para resolver e voltar para o local de onde saí. Não senti o local mais como seguro, mas pode ser impressão de turista e olha que nós brasileiros somos escaldados!
julyana
Email correspondente a mensagem anterior sobre o clima da cidade após o atentado ao jornal e sugestão de hotel para lua de mel. Agradeço desde já…
Rodrigo Lavalle
Julyana, o clima com relação aos atentados está normalizado. Ainda existem soldados guardando os locais judaicos.
Nesse link estão nossas dicas de hotéis charmosos em Paris: https://www.conexaoparis.com.br/categoria/dormir/hoteis-dormir/hoteis-de-charme-paris/.
Abraços.
luciana favieri
Desculpe a ignorância mas a última vez que fui a Paris visitei o canal de St. Martin e achei o lugar bem sujo, abandonado….as águas do canal inclusive possuem um aspecto poluído…por que seria um “must-go”??
Rodrigo Lavalle
Luciana, não sei qual foi a última vez que você veio à Paris mas a região atualmente está se transformando e sendo “invadida” por novas lojas, restaurantes e cafés interessantes. O “must-go” é mais pelas características culturais e sociais do que pelas características de beleza natural e arquitetônica. Porém eu acho o entorno do Canal bem bucólico. Leia esses artigos: https://www.conexaoparis.com.br/2014/12/26/novas-areas-descoladas-em-paris/ e https://www.conexaoparis.com.br/2012/07/18/passeio-pelo-canal-saint-martin/.
Abraços.
Ana Maria
Ola,
Estou de viagem marcada para Paris , com a familia e amigos e uma amiga sugeriu que fossemos jantar na Brasserie Julien , que esta localizada na referida “no go zone”. O que voces poderiam nos dizer a respeito ? Vale a pena o risco ? Obrigada ,
Rodrigo Lavalle
Ana Maria, o único risco que você vai correr na região é de a comida do restaurante não ser boa. Essa região está em franca transformação. Na mesma rua da Brasserie Julien, ao lado dos comércios mais simples que vendem comida libanesa, curda, etc, estão abrindo novos restaurantes jovens e modernos de comida francesa.
Abraços.
Mauricio Christovão
Interessante reportagem de “O Globo” de hoje, 01/02/15, realizada pela Universidade de Saint Denis sobre as áreas de exclusão em Paris.
http://oglobo.globo.com/mundo/alunos-da-periferia-de-paris-transformam-champs-elysees-em-foco-de-estudo-15211346
Sophia
Fox News é “no go channel”.
Luciana Rodrigues - Turismo em Roma
Adorei o post. Acho Belleville fantástica. Minha curiosidade foi aguçada quando meu professor da Alliance Française nos apresentou ao escritor Daniel Pennac, e nos incitou a conhecermos esse bairro. Por concidência, lá também ficava no Favela Chic nos seus anos dourados. Aliás, ainda existe o Favela Chic? Nunca vi ou presenciei nada de perigoso por lá. Simplesmente vemos uma Paris “verdadeira”, o que acho bem interessante.
Rodrigo Lavalle
Luciana, existe sim na rue du Faubourg du Temple.
Abraços.