Moro em Paris desde 1983 e domingo passado visitei pela primeira vez o Museu de Montmartre. Tinha informações sobre seu acervo e nunca senti a necessidade de liberar tempo para vê-lo.
O conheci graças à um amigo que, aproveitando o dia ensolarado, nos propôs um circuito cultural que começou em Montmartre e teve ponto final no Jardin des Tuileries.
Fiquei fascinada pelo museu. Ele se esconde em uma ruela de Montmartre, perto dos endereços ícones do bairro como o vinhedo, a Maison Rose e o antigo cabaré Lapin Agile. Mas atenção, vale a pena conhecê-lo sobretudo durante as exposições temporárias. Nestes momentos o público tem acesso ao conjunto de todos os prédios integrados ao museu.
O que é o Museu de Montmartre
O museu é a reunião de várias casas, ateliês e jardins onde, séculos passados, moraram e trabalharam artistas de renome: Renoir, Maurice Utrillo, Suzanne Valadon, André Utter, Émile Bernard, Raoul Dufy…
O acervo do museu ocupa uma destas casas – Maison du Bel Air – onde encontramos alguns quadros, posteres e desenhos de Toulouse Lautrec, Modigliani, Valadon, Utrillo, Kupka. Este acervo nos revela parte da antiga efervescência artística de Montmartre, da sua vida noturna com seus famosos cabarés e do aparecimento do French Cancan. Montmartre foi, e é ainda, uma das áreas mais festivas da cidade.
Outra casa chamada Hôtel Demarne é ocupada pelas exposições temporárias e pelo apartamento-atelier de Valadon e Utrillo. O que o Museu de Montmartre possui de mais interessante é a visita do local onde trabalharam e moraram a pintora Suzanne Valadon e seu filho Utrillo. Valadon é famosa por ser uma das primeiras mulheres pintoras. Quanto à Utrillo, ele é o grande pintor de Montmartre e nos legou várias obras que retratam o bairro. O atelier é a grande janela do último andar, à direita da foto acima.
A reconstituição de ateliers nos mergulha no espaço de inspiração e de trabalho dos artistas. A luz, a vista da janela, os objetos de decoração e do cotidiano nos revelam segredos.
Mãe e filho trabalhavam neste atelier colado em um pequeno apartamento onde viviam. Uma das salas guarda a mesma decoração e nela encontramos a inspiração de vários quadros de Valadon.
Neste mesmo apartamento viveram escritores e pintores, entre eles Émile Bernard, companheiro de Gauguin, e Raoul Dufy.
Para completar o espírito campestre e romântico, o museu restaurou os Jardins de Renoir em memória ao pintor Auguste Renoir que aí viveu entre 1875 e 1977. Renoir, durante os anos em que morou neste endereço, pintou o Baile do Moinho La Galette e O Balanço do Jardim da rua Corot. Balanço que se encontra no mesmo lugar.
Estes jardins com bancos, mesas e cadeiras tornam a visita do museu extremamente agradável. Não nos sentimos em espaço público e oficial e sim na casa de campo de amigos. Os visitantes se instalam para tomar sol, fazer piquenique e conversar. A visita do acervo e das exposições temporárias é livre, podemos tirar fotos, filmar, nos aproximarmos das obras. Não somos vigiados como em todos os outros museus. Mais uma vez, nos sentimos como se estivéssemos na casa de amigos admirando a decoração com seus quadros e bibelôs.
Para completar, dos jardins podemos ver o vinhedo de Montmartre e, ao longe, a planície norte de Paris.
Musée de Montmartre, 12 rue Cortot, 75018, Paris. Museu aberto todos os dias, o ano todo, das 10h às 18h. Nos dias 25 de dezembro e 1 de janeiro o museu abre das 11.30h até 17.15h. Na primavera e verão aberto das 10h até 19h.
As próximas exposições temporárias são: Artistas à Montmartre, de Steinlen à Satie, de 15 de abril 2016 até 25 setembro 2016. Bernard Buffet do dia 20 de outubro 2016 até 6 de março de 2017.
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2 Comentários
Heloisa
Nossa, que legal, não conhecia este lugar. Já foi pra lista! Merci beaucoup, Lina!
Thais
Eita saudades de Montmartre!
Conheci o museu e acho que nunca vou esquecer cada segundo dentro dele. Foi uma experiência incrível poder sentir um pouco do clima da época efervescente de Paris.
Espero poder voltar, abs