Os franceses possuem um senso estético apurado e quando eles aplicam suas técnicas teatrais na organização da informação e do acervo de um museu o resultado é sempre espetacular.
Foi assim com a Galerie de l’Évolution do Jardin des Plantes. E eles repetiram o feito na reforma do Musée de l’Homme, situado no Trocadéro.
- Primeira impressão: o achamos maravilhoso.
- Segunda reação: às vezes a informação está subordinada à estética. Temos a impressão que o museu quer atrair mais pela beleza do que pelo aspecto didático. Postura inteligente e em fase com o momento que vivemos. Para o público em geral, a proposta é válida. Para a meninada e os jovens estudantes, eles terão acesso à informação via computadores e arquivos do museu.
Logo após a entrada está o restaurante do museu que possui o privilégio de ter a mais bonita vista da torre Eiffel. Ele está decorado na linha da arquitetura do monumento e, de acordo com a crítica, a cozinha é honesta.
Se quisermos depositar casacos no vestiário, subimos uma imensa escadaria com letras luminosas desejando welcome em todas as línguas.
Ao lado da chapelaria, uma cantina, bem mais barata que o restaurante. Ela oferece um prato quente, saladas e tortas salgadas e doces. E a vista é também direta para a descida do Trocadéro até a torre.
O museu é enorme e dividido em várias seções. Escolhemos algumas como exemplo. A exposição começa pelas cabeças moldadas, na seção chamada “De onde somos originários?”
Elas são o resultado de uma expedição francesa que, em 1842, tirou o molde dos habitantes da Oceania. Os frenologistas franceses, nesta época, inventaram um aparelho chamado céphalometre capaz de medir os bustos moldados e estabelecer assim a origem e a capacidade cognitiva dos tipos humanos.
Em torno destas cabeças temos um capítulo da História da França nada glorioso e intitulada “O Homem Exposto”. Em várias ocasiões, indígenas verdadeiros foram expostos como os animais nos zoológicos. No Jardin d’Acclimatation, por exemplo, foi criada uma aldéia indígena e os índios viviam lá, executando suas atividades diárias, ao lado dos seus animais domésticos.
No século 19, este tipo de exposição se tornou um meio fácil para ganhar dinheiro. Empresários montaram espetáculos do cotidiano dos Zoulous, dos Nubiens com combates, festas de casamento e danças. A Inglaterra e outros países compraram estes espetáculos que estão na origem de estereótipos que tiveram vida longa.
No segundo andar, a seção “Modo de Vida” com seus cenários e exposições sobre a evolução dos modos de vida atrai também pelo lado estético.
Ao lado de uma yourte, habitação dos nômades atuais da Ásia Central, temos um ônibus urbano dos países africanos. A yourte contemporânea possui panéis solares que possibilitam a conexão com o resto do mundo. Elas são transportadas por caminhões. Seu interior é decorado com tapetes maravilhosos, tecidos requintados e possui televisão e computadores.
Para ilustrar a mundialização, o museu escolheu a capinha do celular e o anorak. Estão expostas capinhas confeccionadas em diversas regiões do mundo. É a história de um objeto mundial personalizado.
O anorak, um conceito mundial, é usado pelos povos da Antártica. Hoje, a doudouna é encontrada em todas as latitudes e com usos diferenciados.
No neolítico, a cera das abelhas era utilizada para impermeabilizar as cerâmicas. O homem dependia desses animais situados na fronteira entre o selvagem e o doméstico. À partir do século 19, a utilização do mel e da cera passou a ser feita sem a destruição das colméias. A invenção de colméias móveis permitiu a recolta sem o sacrifício dos insetos.
Através de montagens, o museu apresenta a origem do homem e sua evolução. A mensagem presente em cada cena é: tivemos a mesma origem africana e hoje somos seres plurais.
Musée de l’Homme: 17 Place du Trocadéro et du 11 Novembre, 75116 Paris. Metrô Trocadéro linhas 6 e 9. Preço: 10€. Clique aqui e compre seu ingresso corta-fila antecipado.
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13 Comentários
Amanda
esse museus aceita o MUSEUM PASS? pretendo ir esta quarta feira e gostaria de saber…
Rodrigo Lavalle
Amanda, sim.
Eliziane
Boa tarde Rodrigo,
tem noção de valores da Cantina?
Rodrigo Lavalle
Eliziane, o prato custa por volta de 8€.
debora de oliveira rezende
Acho vcs da conexão paris o Máximo!!! todo dia leio um post de vcs .
Obrigado por vcs existirem todas as vezes que vou a paris sigo as suas dicas .
Valeuuuu!!!
Rodrigo Lavalle
Débora, obrigado pelos elogios!
Avelino Oliveira
E necessario visitar o museu para ir ao restaurante ou comer na cantina?
Rodrigo Lavalle
Avelino, não, o acesso é independente.
Abraços.
Valéria
Eu leio o site de vocês uma vez por mês… numa tacada só leio todos os posts publicados nos últimos 30 dias desde… hummm… sempre. Posso dizer que li 100% dos posts do site e realmente sempre me chama muita atenção o fato de posts super interessantes, sobre lugares super interessantes como esse, por exemplo, terem tão poucas mensagens nos comentários… enfim, certeza que vocês já devem estar acostumados, mas eu sempre acho curioso… de qualquer forma, deixo meu comentário para dizer que são os posts que eu mais gosto – essas novidades fora do circuíto óbvio que deixam a gente com água na boca… consigo já me imaginar perdida nesses corredores por algumas deliciosas horinhas… já está no roteiro da próxima parada na cidade! Parabéns mais uma vez!
Rodrigo Lavalle
Valéria, obrigado pela audiência e pelos elogios!
Abraços.
Irma Teixeira
Belíssima informação,cativante,detalhada e objetiva,Parabéns!!!