Por Ana Carolina Dani, sommelière das Caves Legrand
Serão os vinhos de Bordeaux substituídos por “grands crus” vindos de países como a Suécia ou Dinamarca? Os champanhes franceses, célebres no mundo inteiro, estariam ameaçados pelo surgimento de novos vinhos efervescentes produzidos na Inglaterra? As mudanças climáticas, que tantas consequências trazem para o planeta, também têm impacto direto na cultura da vinha.
Estudos e previsões mais alarmistas já apostam no desaparecimento de zonas tradicionais de produção, como o sul da França, e predizem o surgimento de novos vinhedos em regiões mais frias, como Suécia, Dinamarca e outros países do hemisfério norte. Alteração das uvas, perda da tipicidade dos vinhos, migração das castas e dos vinhedos são algumas da consequências possíveis ligadas ao aumento das temperaturas.
De acordo com o último relatório do IPCC, o Painel Intergovernemantal da ONU para Mudanças Climáticas, a temperatura global deve aumentar entre 1,8 °C e 4°C em relação aos níveis pré-industriais até 2100. No cenário mais otimista, os produtores franceses poderão se adaptar. No cenário mais pessimista, as consequências poderão ser dramáticas, explica Jean-Marc Touzard, economista do Instituto francês de Pesquisa Agronômica (INRA).
“Acreditamos que em regiões muito quentes, como o Languedoc no sul da França, somente 20% das vinícolas consiga sobreviver a um aumento importante das temperaturas”, afirma o pesquisador e coordenador do projeto Laccave, que reune mais de 70 cientistas e pesquisadores para avaliar os efeitos das mudanças climáticas na vinha e no vinho na França.
Segundo Touzard, as mudanças climáticas já tem consequências concretas para as vinhas e os vinhos franceses. Umas das mais evidentes é a data da colheita das uvas que, segundo dados do INRA, é realizada hoje entre 15 dias e 3 semanas mais cedo do que no início do anos 80. E pra quem prefere informações “in loco”, basta um giro pelos vinhedos da França para constatar que os números divulgados pelo Instituto são observados, na prática, por quase todos as vinícolas e produtores do país.
Colheitas precoces
“Na Alsácia, todo o ciclo vegetativo da vinha é mais precoce. Hoje, colhemos 17 dias antes do que em 1973″, afirma Olivier Zind-Humbrecht, do Domaine Zind-Hubrechet, um dos maiores produtores da região. Nicolas Denogent, do Domaine Robert Denogent, que produz excelentes brancos no sul da Borgonha, também é categórico. “Observamos um verdadeiro dessaranjo climático. Invernos cada vez mais curtos, verões cada vez mais precoces”.
Outro impacto é a perda ou mudança da tipicidade dos vinhos. Mais calor significa uvas com mais concentração de açúcar e, como consequência, vinhos com mais teor alccólico e menos acidez. Nas regiões mais frias da França, como a Alsácia, a Champagne ou a Bourgogne, temperaturas mais elevadas podem ajudar na maturação das castas, sendo positivo para as vinícolas. Porém em regiões mais quentes, como Bordeaux, Rhône ou Languedoc o risco é a produção de vinhos desequilibrados, excessivamente alcoolizados, com menos estrutura e pouca acidez.
“De fato, hoje é cada vez mais comum encontrarmos vinhos de qualidade com 13, 14 ou mesmo mais de 15 graus de teor alcóolico. Na região do Languedoc, em meados dos anos 80, os vinhos tinham em média, 11,5°. Hoje registram 13,5°”, explica Jean-Marc Touzard.
Novas castas
Face ao problema, cientistas e produtores se organizam para estudar soluções que possam minimizar os efeitos das mudanças climáticas. Em Bordeaux, por exemplo, um projeto experimental liderado pelo Instituto francês da Vinha e do Vinho (IVF) testa, desde 2009, 52 castas diferentes que poderiam ser usadas como alternativas às tradicionais Cabernet Sauvignon, Merlot ou Cabernet Franc. O objetivo é avaliar a adaptabilidade das uvas ao calor e, principalmente, a maturação das castas.
O Comitê Interprofissional dos Vinhos de Bordeaux (CIVB) também vai lançar a partir de 2016 uma experiência com 100 produtores para o cultivo de castas esquecidas na região. Experiências também vem sendo realizadas pelo INRA para a criação de novas variedades de uvas a partir do cruzamentos de uvas híbridas com uvas viníferas.
Os pesquisadores procuram, ao mesmo tempo, novas castas adaptadas às mudanças climáticas e resistentes à doenças como o oídio ou o míldio. Segundo Jean-Marc Touzarnd, as experiências devem permitir a comecialização no mercado francês, até 2027, de 40 novas variedades de uvas.
Porém, muitos produtores acreditam que antes de adotar soluções radicais, a adaptação de certas técnicas de cultivo, como a poda, orientação das videiras ou aragem do solo, já será suficiente para lutar contra o excesso de calor.
“Há muita coisa que o produtor pode fazer na vinha para conservar a água, resfriar o solo, proporcionar sombra para as videiras e influenciar na velocidade de maturação das uvas”, afirma Oliver Zind-Humbrecht. Adepto do cultivo biodinâmico e profundo conhecedor das interações entre a vinha e o solo, o produtor é um dos grandes nomes da viticultura francesa. Segundo ele, as mudanças climáticas não farão desaparecer os vinhedos franceses.
Porém, se as soluções existem, ninguém contesta que as mudanças climáticas devam redesenhar a geografia dos vinhedos mundiais. Novas zonas no mundo já aparecem como promissoras para o cultivo da vinha. Não é por acaso que a maison Taittinger anunciou, recentemente, a aquisição de uma parcela de 69 hectares no sudeste da Inglaterra, no condado de Kent. A célebre maison francesa de champagne pretende produzir um vinho efervescente com sotaque inglês, que será comercializado a partir de 2021. O objetivo é a produção de 300 mil garrafas por ano. Tears!
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2 Comentários
marcialube
Imagino como os viticultores franceses estejam preocupados e se empenhando em pesquisas para atuar em todos os aspectos da produção, seja nas correções do solo e umidade, seja no trato das vinhas através de podas e proteção das plantas, ou nos experimentos de novas cepas.
Para quem vive do que produz, diante de mudanças climáticas, ou de mercado, é necessário se adaptar e inovar.
E pode estar chegando a oportunidade para regiões antes mais frias, como lembra a Ana Carolina nesse excelente artigo.
Mauricio Christovão
Espumante inglês? Acho que o mundo vai acabar mesmo…