Nos próximos anos Versailles nos apresentará duas grandes mudanças.
A primeira : o castelo terá, à partir da primavera 2016, um restaurante digno do monumento. Alain Ducasse foi o chef escolhido para dirigir « Ore », que em latin quer dizer « boca ». Um termo que faz referência à história do castelo. Quando a refeição de Louis 14 era preparada dizia-se, na época, a preparação da « boca do rei ».
O restaurante será no Pavillon Dufour, uma ala renovada e que enquadra a Cour Royale. Ducasse deseja que Ore seja um café contemporâneo que apresente aos turistas os prazeres da mesa francesa.
Li esta notícia no excelente Atabula e no mesmo artigo aprendi que o ritual brasileiro do bufê é de origem francesa. Em Versailles, a corte seguia o ritual francês de colocar todos os pratos em uma imensa mesa e cada um se servia à vontade. A partir do século 19 esta prática foi substituida pelo serviço dito russo, quer dizer, a refeição é servida diretamente nos pratos.
A segunda mudança será mais importante: o castelo planeja instalar um hotel de luxo em uma das suas alas fechadas ao público e, desde 2008, em estado avançado de deterioração. O projeto prevê spa, restaurante gastronômico, 25 quartos sendo 11 suites com vista para a Orangerie.
A idéia de um hotel em Versaille foi lançada em 2010. O nome do grupo eleito para executar o projeto será revelado no início de janeiro.
Qual o objetivo desta medida ? Encontrar meios de financiamento para a renovação caríssima de um dos mais famosos monumentos da França.
Como os franceses são tradicionais imediatamente alguns defensores do patrimônio denunciaram o lado mercantilista da operação e a “disneylandização” do castelo.
Segui com interesse a polêmica e achei interessante os argumentos de um professor de direito público chamado Frédéric Rouvillois. Ele considera a reação de alguns franceses inadaptada à situação. Não há motivos para se escandalizar quando lugares que foram criados para abrigar pessoas e atividades humanas sejam transformados temporariamente em hotel. Sobretudo porque a proposta salva estes lugares da decadência. Neste caso, importa pouco que o patrimônio seja destinado à uma atividade comercial.
Com humor, ele considera que não se trata de transformar uma igreja em jacuzzi ou a Sainte Chapelle em supermercado!
Para terminar ele assinala que a transformação de todos os patrimônios em museus possui algo de rígido e de poeirento. E cita o exemplo da Espanha que permite estabelecimentos luxuosos em seus castelos, fortalezas, conventos e tudo funciona muito bem.
Oferecer aos franceses e turistas estrangeiros bons restaurantes tornará o castelo ainda mais atrativo.
A proposta não me choca e, para falar a verdade, gostaria muito de passar uma noite entre muros carregados de história.
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5 Comentários
Janaina Nominato de Oliveira
Achei sensacional a decisão. Concordo com a defesa de que é um lugar projetado para receber pessoas, então o uso proposto não é conflitante. E vai gerar renda para o custeio de sua manutenção, reabrindo espaços fechados que estão deteriorando-se por falta de uso e conservação. Pior é deixar ruir, a perda seria pior destino.
Isabel Santana da Silveira
Eu que conheço bem este Chateau e seu enorme
parque, já estou pensando em passar uns dias neste
lugar maravilhoso!
Phillipe
Que notícia boa! Achei a iniciativa muito positiva e acho que dará uma arejada naquilo que está muito refém de enormes verbas do governo e de captação da iniciativa privada para ficar mais agradável. Confesso que a visita ao castelo é meio “uó” devido a horda de turistas querendo suas selfies e eu sinceramente não pretendia voltar. Mas agora…
Cristiane Eller
Versailles merece todo cuidado e todo luxo que possa ser adicionado, ainda que custe uma pequena fortuna ao público. Eu estaria disposta a fazer uma reserva para frequentar ainda que uma vez e penso que muitas pessoas também tenham essa visão.
Lucia Lebre
Achei o máximo! O lugar só tm a ganhar com essa proposta e nós, pobres mortais, poder usufruir desse espaço de uma forma mais intima é uma realização.