Nas últimas duas semanas, publicamos os dez motivos para você aproveitar sua viagem a Paris para conhecer Roma e Londres. Hoje é dia da incrível Berlim, uma de nossas capitais prediletas na Europa. Deixamos nossa querida Renata Motta, do blog Berlimais, explicar os motivos que fazem de Berlim parada obrigatória:

Aproveite sua estada para Paris para conhecer Berlim, pois, além da comodidade de estar a apenas 1h40 de avião, há vários motivos que tornam a capital alemã um destino turístico ímpar:

1. A Berlim majestosa como Paris

Ao passear por Berlim, pode-se notar a presença da rivalidade com a França e a inspiração em Paris. Visite a bela avenida Unten den Linden, a Ilha dos Museus e o Gendarmenmarket, onde foi construída uma igreja para os huguenotes, protestantes perseguidos na França e acolhidos pela antiga Prússia. Siga para o cartão postal de Berlim, o Portão de Brandenburgo, que fica na Praça Parisiense (Parisier Platz). Quando Napoleão Bonaparte marchou sobre Berlim, em 1806, levou consigo para França a quadriga que estava sobre o Portão de Brandenburgo, um dos símbolos da cidade. Em 1814, o imperador da Prússia a trouxe de volta, modificando-a para simbolizar vitória, e a colocou virada para a Parisier Platz. De lá, visite o Obelisco da Vitória, o monumento que marca as vitórias da Prússia sobre outras potências européias, entre elas, a França. Por fim, não perca Potsdam, onde Frederico o Grande, imperador da Prússia, construiu seu castelo de verão, inspirado em, e rivalizando com o Chatêau de Versailles, na França.

O Obelisco da Vitória, em Berlim

O Obelisco da Vitória, em Berlim

2. Rever a história do século XX

Não há como visitar Berlim sem rever a história das duas Grandes Guerras que marcaram o século XX e, em especial, se deparar com o que foi o nazismo e como o holocausto mudou para sempre a paz mundial. Berlim também foi o principal palco da Guerra Fria, que deixou muitos vestígios na cidade. Além do imperdível Muro de Berlim e locais turísticos como o Check Point Charlie, eu recomendo visitar locais que mostram como a Berlim Oriental foi transformada pela experiência de pertencer ao bloco soviético. Por exemplo, caminhar pela Karl-Marx Allee e pelo memorial soviético no Treptower Park, subir na Torre de TV e conhecer a história de sua construção para impressionar o Ocidente, ou apenas notar coisas pitorescas como o bonequinho dos semáforos de pedestres, o Ampelmann. Quem for observador, verá que os bondinhos amarelos cobrem a ex-Berlim Oriental, ao passo que a malha de metrô é muito mais densa na ex-Berlim Ocidental. Como a história é contada pelos vencedores, há cada vez menos vestígios do que foi a influência soviética em Berlim.

A livraria (hoje abandonada) também chamada Karl Marx, na Karl Marx Allee, na ex-Berlim Oriental

A livraria (hoje abandonada) também chamada Karl Marx, na Karl Marx Allee, na ex-Berlim Oriental

3. O dinamismo da cidade no século XXI

Este dinamismo tem duas expressões: uma é a Berlim “eterno-canteiro-de-obras” e de experimentação da arquitetura contemporânea. Isto se dá principalmente nos locais por onde passava o Muro e não haviam sido reconstruídos desde o pós-guerra. Exemplar é a Potsdamer Platz e a Cúpula do Parlamento Alemão. Ao redor deste, estão os novos edifícios dos ministérios, no Tiergarten, e a Estação Central ferroviária (Hauptbahnhof), todos frutos da reconstrução de Berlim após a Queda do Muro. A maioria destes edifícios pode ser vista num passeio de barco, programa muito recomendado pela beleza que mostra.

A outra expressão do dinamismo de Berlim é a rápida transformação pela qual tem passado: a cidade atrai milhares de novos habitantes todos os anos, em geral, jovens adultos da Alemanha, da Europa e do mundo inteiro. O cosmopolitismo se vê nos cafés onde só se fala inglês, outros onde o idioma dominante é o espanhol. Várias outras culturas se fazem representar em restaurantes, bares e eventos culturais. A juventude se vê no clima de festa da cidade e no baby-boom que tomou conta de Berlim, onde é moda andar com seu bebê em carrinhos vintage e frequentar cafés e cinemas baby-friendly.

Cúpula do parlamento alemão

Cúpula do parlamento alemão

4. Os museus e as atrações culturais

Berlim possui mais de 175 museus, de todos os tipos, desde os mais clássicos aos mais específicos (como museu dos jogos, da salsicha, do Ramones, etc). A Ilha dos Museus concentra a arte clássica e antiga. O Pergamon Museum é imperdível, assim como o Busto da Nefertiti, no Neues Museum. Há vários museus históricos como o Deutsches Museum, Museu Judaico, Museu da DDR, Topografia do Terror, o Memorial do Muro. O melhor da arte moderna alemã pode ser visto na Neue National Galerie. Há também interessantes museus mais científicos, como o Museu da Técnica e o Museu de História Natural, adorado pelas crianças.

Altes Museum, na Ilha dos Museus, em Berlim

Altes Museum, na Ilha dos Museus, em Berlim

À noite, a agenda cultural da cidade é de primeira. Antes de viajar, reserve ingressos para um concerto da Filarmônica e para alguma das três óperas da cidade. Há excelentes teatros, alguns com legendas, outros com peças em outros idiomas, como inglês e francês. Destaco os teatros Berliner Ensemble (peças de Bertold Brecht), Volksbühne, Schaubühne, Max Gorki e HAU. Quem prefere música, a programação musical da cidade oferece shows todos os dias de bandas de todo o mundo, por preços acessíveis.

5. Arte contemporânea

Quem gosta de arte contemporânea está no lugar certo em Berlim. Reserve mais dias para dar conta do mínimo: o museu Hamburger Bahnhof, a Berlinische Galerie, a galeria Martin Gropius Bau e as dezenas de galerias no bairro Mitte. Isto para ficar somente na arte contemporânea ‘institucional’, ou seja, aquela que chega ao circuito das galerias e museus. Porque, devido ao seu custo de vida relativamente baixo para uma metrópole, Berlim atrai há anos jovens artistas de todo o mundo, incluindo Nova York. Há uma cena de arte alternativa intensa, com jovens curadores que organizam exposições coletivas, há festas em ateliês e diversas performances.

Arte Contemporânea: obra de Ai Wei Wei, exposta no Martin Gropius Bau

Arte Contemporânea: obra de Ai Wei Wei, exposta no Martin Gropius Bau

6. A cidade onde juventude não é pré-requisito para a balada

A cidade é a capital das festas na Europa. É onde surgiu o tecno e onde a música eletrônica está em casa. No verão, há festivais e open-airs todos os fins de semana. As boates da cidade atraem jovens de toda a Europa, que vêm passar o fim de semana, entram em uma boate na sexta e só saem de lá no domingo. Você até pode ir e voltar, pois ganha um carimbo no pulso, e pode curtir a mesma festa durante três dias. E ainda: muitas festas ao ar livre são de graça e as boates estão entre as mais baratas da Europa, algumas por 1 euro! A considerada melhor de todas, Berghain, por 14 euros. Além de música eletrônica, a cidade é democrática na balada: há rock, reggae, jazz, swing. Muitos locais e festas são frequentados por públicos bastante variados, e há várias opções para quem não está mais nos vinte (nem nos trinta, nem nos quarenta, etc…).

Balada em Berlim

Balada em Berlim

7. O estilo de vida alternativo e simples

Berlim é conhecida por ser especialmente permissiva nos costumes e pelo estilo de vida tranquilo. As pessoas são simples, a moda é usar roupa da avó ou trocar entre amigos coisas usadas. Ao lado do consumismo comum a todas as metrópoles, em Berlim floresce o pós-consumismo e uma moda única do usado e do barato. Característico da vida berlinense são seus mercados das pulgas, os longos brunchs, os churrascos no parque, a cerveja que se toma caminhando, na rua, no metrô. Sinta esta atmosfera tipicamente berlinense nos bairros Friedrichshain, Kreuzberg e Neuköln.

 Festa de rua do Primeiro de Maio em Kreuzberg, Berlim

Festa de rua do Primeiro de Maio em Kreuzberg

8. Comida e bebida da melhor qualidade e preço

Neste quesito, Berlim é imbatível entre as capitais européias: aqui se come (e se bebe) bem e barato. No país da cerveja, a bebida custa entre 1-4 euros. Sua qualidade é única: as cervejarias seguem voluntariamente a Lei de Pureza da Cerveja, estabelecida em 1516. Mas não só de cerveja vive Berlim: há vários locais para se beber vinho e os coquetéis são pedida certa. Para comer, o turista que não quer perder tempo conta com mais opções de comida de rua do que em outras cidades: salsicha (Wurst), falafel, schawarma, pizza. Para almoçar e jantar com tempo, florescem na cidade restaurantes das mais variadas tendências, em especial comida vietnamita, coreana, italiana e alemã contemporânea. Se come por menos de 10 euros em bons restaurantes. Para quem gosta de gastronomia, não faltam restaurantes estrelados, com  chefs mundialmente conhecidos como o Tim Raue, do restaurante-galeria La Soupe Populaire. Mesmo nestes, se janta por cerca de 30 euros, o que é muito barato para o padrão europeu.

Cerveja alemã

Cerveja alemã

9. Natureza urbana

Um dos critérios que mais pesou para que Berlim fosse listada entre as cidades com melhor qualidade de vida do mundo foi sua grande área verde, em parques e praças. O Tiergarten é imenso e clássico; o Monbijou Park, no Mitte, é cool e central; o Treptower Park fica à beira do rio Spree e tem uma linda ilha; o Volkspark Friedrichshain oferece opções de lazer para a família; e o Tempelhof é um experimento único de transformar um aeroporto em parque, ideal para a prática de esportes. Além de parques, Berlim é cortada por lindos rios e canais e sentar às suas margens tranquiliza e descansa!

Natureza urbana: Parque Volkspark Friedrichshain, em Berlim

Natureza urbana: Parque Volkspark Friedrichshain

10. Compras

Também no quesito compras, Berlim se destaca por sua história recente e seu dinamismo. A Kurfürstendamm, localmente chamada “Kudamm”, representava o esplendor da Berlim Ocidental no período de ouro do pós-guerra. Hoje, mantém seu glamour ao concentrar lojas de renome e alta-costura, razão pela qual é conhecida como a Champs-Élysées de Berlim. Perto da Kudamm está a KaDeWe (Kaufhaus des Westens, ou Shopping do Ocidente), uma loja de departamentos de luxo, que é o símbolo do capitalismo da Berlim Ocidental. Porém, muito se passou desde a Queda do Muro: o bairro Mitte, antes localizado na Berlim Oriental e, portanto, anti-capitalista, hoje se transformou em um reduto de compras no estilo do bairro Soho de Nova York, com inúmeras lojas de design, de moda e de grifes famosas.

Loja da Converse no bairro Mitte, em Berlim

Loja da Converse no bairro Mitte, em Berlim

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